Uma coleção de Brasil feita por brasileiros. Ou quase isso, já que o projeto “Estampa Brasileira Sta”, da tecelagem Santaconstancia, foi idealizado por Costanza Pascolato, que nasceu na Itália, mas veio para o Brasil aos cinco anos. E foi ela quem explicou ao FFW as ideias por trás dessa nova empreitada, que se diferencia de tudo que há no mercado nacional de tecidos.
Costanza, que é sócia da tecelagem, deixa claro que “Estampa Brasileira” não é apenas um tema para essa estação, mas um projeto de estampas que busca valorizar a essência brasileira. “Tenho a impressão de que o Brasil está numa nova fase, todo mundo está de olho nele. Isso [a Estampa Brasileira] é valorizar uma tendência de gosto e de preferência da mulher brasileira para se vestir. Não é uma grande moda, mas estamos nos destacando com coisas que já tem um DNA brasileiro. Somos a primeira empresa que dedicou todo um projeto a desenvolver temas que vão existir pra sempre”, explica ela. Costanza gostou tanto da experiência, que já está trabalhando na “Estampas Brasileiras 2”, dessa vez, para o inverno.
E se você pensou que uma coleção inspirada em Brasil teria periquitos, baianas e palmeiras, acertou! “Queríamos mostrar traços estéticos e figurativos extraordinários do Brasil, mas de uma maneira estilizada, quase abstrata”, conta a papisa. Embora o Brasil seja a fonte-mor de inspiração, a empresária contou que houve uma única exceção: uma obra de arte do inglês Damien Hirst, exposta no showroom da Prada, em Milão, feita com asas de borboleta. A responsável por toda a arte da estamparia foi a designer carioca Anna Maria Falcão.
A utilização de temas tropicais vai ao encontro das tendências apresentadas por grandes nomes da moda internacional na temporada de Primavera/Verão 2011, como a Prada. Mas o projeto nasceu antes, em agosto de 2010. “Foi interessante viajar para assistir aos desfiles e ver aquela mesma ‘vontade’ ali”. “É claro que acabou nos influenciando de alguma forma, né? Por exemplo, teve mais estampa de banana do que pretendíamos de ínicio”.
Ironicamente, mesmo que a comunidade internacional de moda esteja olhando para esse tal tropicalismo, ainda é difícil dele vingar em terras brasileiras. “Essa ideia [do projeto temático] que eu tive é corajosa, porque o confeccionista ainda é um pouco colonizado”, comenta a empresária. “Queria que as pessoas assumissem de uma vez a auto-estima fashion brasileira, e parassem com essa burrice de inferioridade”. Costanza, do alto de seu conhecimento de moda, e sendo mezzo-italiana, mezzo-brasileira, sabe o que diz.
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