Em certos países apareceram na última década restrições quanto ao teor em formaideído livre nos tecidos. Para além das suspeitas, ainda não definitivamente confirmadas, dos efeitos cancerígenos do formaldeído, o que é um facto é que uma quantidade elevada de formaideído livre provoca não só cheiros desagradáveis na sala de confecção como também irritações nasais.
A quase totalidade de resinas termoendurecíveis actualmente no mercado são à base de formaldeído. Como elas são praticamente indispensáveis para o chamado “acabamento de alta qualidade”, como resolver o problema?
Se a exigência for: O ppm (zero partes por milhão, unidade equivalente a ug/g) sobre o tecido, só há uma solução: não utilizar resinas à base de formaldeído. Os produtores de resinas termoendurecíveis tem desenvolvido esforços para o lançamento no mercado de resinas não contendo formaldeído para a eventualidade do aparecimento destas exigências para tecidos que obrigam ao acabamento com resinas, Existe também a possibilidade de alterar quimicamente a celulose, mas, apesar dos inúmeros trabalhos de investigação realizados neste domínio, a sua aplicação industrial é praticamente nula, não só porque obriga ao recurso de técnicas dificilmente aplicáveis com a maquinaria tradicional utilizada nos acabamentos, mas também porque são alteradas algumas das propriedades do algodão tanto apreciadas pelos consumidores que são de novo atraídos, e cada vez mais, por tudo o que é “natural”.
Mas, na grande maioria dos casos, existe um certo valor máximo de formaideído livre tolerável sobre o tecido. Neste caso, haverá que adaptar as receitas e o processo de acabamento de forma a que se satisfaça aquela exigência.
O teor em formaldeido livre sobre o tecido depende dos seguintes parâmetros:
– tipo de resina e sua concentração
– tipo de catalisador e sua concentração
– condições de condensação
A escolha das condições ideais deve ser objecto de ensaios laboratoriais em cada caso concreto, pois o sistema resina/catalisador é dependente do fim a que se destina o tecido.
Se após a optimização das condições atrás referidas não se conseguir satisfazer as exigências, pode ainda proceder-se às seguintes técnicas:
– lavar o tecido após condensação da resina (processo de reticulação em seco). Este processo torna-se caro não só pela lavagem como pela secagem suplementar;
– introduzir no banho de impregnação um produto que retenha o formaideído livre. Existem diferentes tipos de produtos com esta propriedade, mas o mais barato é a ureia (adicionando cerca de 20 g/l de ureia ao banho de acabamento, pode conseguir-se em certos casos uma redução do teor em formaldeído livre para metade);
– fazer passar o tecido, ainda quente, logo após a condensação da resina, numa câmara em que se vai fazer uma aspersão com uma solução a 10 % de ureia. A diminuição do teor em formaldeído livre é bastante apreciável e o tecido sai aa câmara (designada por “fog chamber”) com urna humidade de 7 a 8%, dispensando portanto qualquer secagem. Esta técnica é utilizada nos ELTA.
Para finalizar este assunto, convém notar que as restrições quanto ao formaideído têm aparecido em muitos outros domínios nos quais este produto é utilizado (mobiliário, cosméticos, indústrias químicas, etc.); em 1980, nos LUA, país onde as resinas termoendurecíveis têm grande importância na indústria têxtil, a percentagem de formaldeído utilizado para o fabrico de resinas para usos têxteis foi de apenas 2 %.
Fonte: Blog do Eins