O algodão parou. Após uma excelente trajetória no período de janeiro a março, com uma alta superior a 15%, os preços caíram mais de 6% em abril. Em maio, os valores ficaram por volta dos R$ 198 por libra-peso, com uma variação mínima entre os dias 14 e 20, segundo indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Universidade de São Paulo.
Para Elcio Bento, analista da consultoria Safras & Mercado, de Porto Alegre, o mercado brasileiro está altamente influenciado pelo volume externo de vendas de algodão. A tendência para o final de maio e início de junho, segundo Bento, é que não existam mudanças bruscas nos preços internos.
Segundo o consultor, o preço do algodão deve se manter estável até o início da colheita da próxima safra. “O mercado atingiu o pico em março. Está muito pautado pela importação. Há pouco algodão de boa qualidade no Brasil. Por outro lado, esses preços devem continuar firmes até a metade de junho, quando começa a colheita no País. Antes disso, o mercado andará de lado”, afirma.
Bento diz que esses preços se devem aos resultados da safra passada, quando houve o maior volume da história. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento, a área cultivada com algodão em pluma passou de 1,3 milhão de hectares na safra 2011/12 para 886,7 mil hectares em 2012/13, um recuo de 36,4%. Assim, houve uma redução de 32,8% da produção nacional, de 1,8 milhão de toneladas para 1,3 milhão de toneladas.
Cenário internacional
A safra mundial de 2012/13 foi de 118,5 milhões de fardos, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês). O montante foi 7% menor do que na safra de 2011/2012. Por outro lado, o consumo global cresceu mais de 3%, empurrado pelos países asiáticos.
As estimativas iniciais do USDA para a produção mundial na próxima safra são de redução de 3%. O consumo, por outro lado, deve ter elevação de 2%. Enquanto isso, a China planeja aumentar seu estoque de algodão, de 10 milhões de toneladas para 12 milhões de toneladas.