A ideia ficcional passa à realidade e um clique revoluciona tudo. A impressão em 3D já incorporada à indústria automobilística e aeroespacial suscita hipóteses para áreas da medicina e chega à moda. Sem cortes, linha e agulha umprint materializa roupas, sapatos e acessórios que saltam da tela do computador como se fossem resultados de um show de ilusionismo. Os experimentos dos designers Iris Van Harper, Michael Schmidt, Kimberly Ovitz e Cathering Gales concretizam criações que colocam em cena a relevância de uma nova perspectiva de produção digital e suas implicações.
Em março último, quando a modelo Dita Von Teese tornou-se a primeira mulher a exibir um vestido totalmente elaborado em impressão 3D, muitas questões foram articuladas, além das 17 partes individuais que compunham o modelito preto. A criação do designer Michael Schmidt pôs na vitrine as possibilidades que convertem a tecnologia em tendência para o mundo fashion. Resultado da junção de 3 mil pedaços de plástico (matéria-prima mais usual entre metal, borracha e cerâmica) a peça decorada com cristais Swarowski fez refletir sobre as vantagens no processo de protótipos e claras ameaças à produção artesanal e propriedade intelectual. Na linha da pirataria, os óculos que representam parcela substancial do comércio de marcas são considerados alvos fáceis.
Costura high-tech
A ferramenta que anuncia uma nova revolução industrial e sugere o “faça você mesmo” a partir de arquivos digitais ainda não é popular o bastante para desencadear medidas de controle sobre direitos autorais. Enquanto isso, permite que estilistas realizem seus ensaios. Com 15 anos de formação e passagem por casas como Hedi Slimane e Yves Saint Laurent, a designer inglesa Catherine de Gales expôs recentemente a coleção batizada de “Projeto DNA”. Resultado do seu mestrado em Moda Digital, a impressão 3D formatou a base de produção para explorar a criação de acessórios inspirados na estrutura visual de cromossomos humanos. Entre as oito peças fabricadas em nylon branco destacam-se um capacete com chifres, um espartilho, um adorno na forma de penas para o ombro e uma viseira.
Em entrevista ao site Business of Fashion Catherine ressalvou as alternativas ilimitadas da nova plataforma de produção: “Com a impressão 3D, agora temos a capacidade de perceber as nossas criações quase que instantaneamente, acelerando o processo de desenvolvimento de uma forma que nunca pensei ser possível. Esta tecnologia traz a promessa de um mundo onde a imaginação não tem limites e com o tempo não haverá um material que não possa ser reproduzido como um objeto 3D.
Na Paris Fashion Week Primavera-Verão 2013, a estilista holandesa Iris Van Harpen apresentou na passarela dois looks impressos em 3D. Uma saia e capa realizada em colaboração com o arquiteto e professor do Massachusetts Institute of Tecnology, Nery Oxman, e um intrincado vestido de criação compartilhada com a arquiteta austríaca Júlia Koerner, da Universidade de Los Angeles. As peças conseguiram resultados em flexibilidade e texturas, combinando os limites da impressão com técnicas a laser. Os modelos foram a síntese da fusão de moda e tecnologia na abertura de novos caminhos de expressão e reinvenção do design para uma nova dimensão.
Vestido em 3D de Iris Van Herpen, Paris Fashion Week/Verão 2013
Fonte: Nas entre linhas