Os resultados apresentados pela indústria da confecção fluminense nos últimos dez anos mostram crescimento de 31% nas exportações de moda, passando de US$ 17 milhões em 2003 para US$ 22 milhões no ano passado. Os dados constam de pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) durante a nova edição da Primavera-Verão do Fashion Rio, feira de moda que ocorre na Marina da Glória, zona sul da cidade, até o próximo dia 19. O evento integra o calendário da moda nacional.
A especialista em comércio exterior do Centro Internacional de Negócios (CIN) do Sistema Firjan, Claudia Teixeira dos Santos, salientou hoje (16), em entrevista à Agência Brasil, que “o Rio de Janeiro é um caso distinto do resto do Brasil, porque a gente teve crescimento enquanto os outros estados, inclusive o Brasil, apresentaram queda. Eu acho que as nossas exportações de moda refletem o diferencial do nosso produto, que é agregar valor”. Criatividade e design, de acordo com Claudia, são duas características que tornam a moda fluminense diferenciada.
São Paulo e Santa Catarina, principais exportadores de moda do país, experimentaram na última década, de acordo com a pesquisa, quedas de 42% e 60% nas exportações de moda, respectivamente, totalizando em 2012 vendas externas no valor de US$ 52 milhões e US$ 43 milhões. Os números também mostram que as exportações brasileiras tiveram recuo de 48% no período de dez anos, caindo de US$ 296 bilhões em 2003 para US$ 154 bilhões no ano passado.
Em termos de preço médio, o estado do Rio de Janeiro teve um ganho significativo de 127% entre 2003 e 2012. “Saiu de US$ 29 o quilo exportado para US$ 65 nos últimos dez anos”. O resultado superou a média brasileira em 38%. Analisando-se a tabela de preço médio, observa-se, porém, que as exportações de moda fluminenses apresentaram retração de 10% no ano passado em comparação a 2011, quando foram exportados US$ 24,1 milhões.
A queda, segundo Claudia, decorre do fato que houve um aumento das vendas em termos de peso, em 2012, que não se refletiu em valor. “A gente teve um grande volume de exportação para Angola, mas com um valor agregado baixo de US$ 5 o quilo”. Isso fez com que o preço final caísse em relação ao ano anterior. “Se a gente retirasse as exportações de Angola, o preço médio das exportações [de moda] ficaria em torno de US$ 100 o quilo”. Ainda assim, o estado do Rio sofreu o menor percentual de queda, em comparação às vendas externas nacionais de vestuário (-15%) e também de São Paulo (-14%) e de Santa Catarina (-18%).
Em termos de destinos das exportações de moda do Rio de Janeiro, a pesquisa identificou uma maior diversificação. Os Estados Unidos, por exemplo, concentravam 63% dos embarques em 2003, em valor, cujo preço médio era US$ 24 o quilo. Claudia Teixeira dos Santos disse que hoje os Estados Unidos perderam um pouco de importância na pauta.
“Mas eles passam a comprar um produto muito mais valorizado. Hoje eles representam 35% [do total das exportações], mas compram um produto a US$ 116 o quilo. Então, os Estados Unidos diminuíram um pouco em termos de representação na pauta, mas compram hoje um produto mais valorizado, com diferencial”. Outros países que ampliaram de forma significativa na última década as compras de produtos da moda fluminense foram a França e o Japão.
Formado em sua maioria por micro e pequenas empresas, o setor têxtil e de confecções é um dos que mais geram emprego no país. No ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) com base na variação de pessoal ocupado calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os empregos somaram 1,5 milhão. A indústria criativa da moda fluminense soma 2.700 profissionais, entre designer de moda e de calçados, modelista de roupas, bordador a mão, modelista de calçados sob medida e ourives, informou a assessoria de imprensa da Firjan.
fonte: EBC