A polêmica das bermudas

A polêmica das bermudas

Começou como uma brincadeira. Três jovens, cariocas, cansado de terem que enfrentar a sofrida rotina de acordar todo dia, no calor da cidade maravilhosa, e ter que colocar ternos, calças compridas para passar o dia no trabalho, resolveram criar um movimento chamado #BermudaSim . Foi criado um site em que outros homens pudessem colocar o email do seu chefe e, de forma anônima, eles enviariam um pedido para que fosse liberado o uso de bermudas no trabalho.

Começou de maneira inocente, mas que acabou ganhando proporções astronômicas, principalmente por se tratar do Brasil, um país de clima tropical, onde o verão está cada vez mais quente, e aquela ideia de usar roupas quentes, cada vez mais longe.

Ricardo Ruliere, Vitor Damasceno e Guilherme Anchieta, os três responsáveis por chamar a atenção de milhares de internautas no país, estão até transformando o #bermudasim em um empreendimento. Na página do facebook, já são mais de 15.400 pessoas (e crescendo) que apoiam a ideia. Diariamente, eles recebem fotos e mensagens de diversas empresas que adoraram e adotaram a ideia, como foi o caso dos motoristas e cobradores de Curitiba, que agora estão permitidos para usarem bermudas no trabalho, assim como os policiais militares de Porto Alegre. 

   

Polícia Militar de Porto Alegre estreiando novo uniforme, de bermudas, camisetas e sandálias, devido a grande onda de calor. @Divulgação

Segundo a definição dos criadores: “Verão, a estação onde a temperatura varia de calorzinho ao inferno na terra. Agora imagine pegar ônibus, trânsito, andar na rua ou respirar nesse calor. Pior, de terno! Pensando neste problema de saúde pública surgiu o #BermudaSim! Um movimento nacional pelo uso da bermuda no trabalho. Também apoiamos o abandono do terno, da gravata e dos tecidos pesados.”. Ora, se estamos vivenciando um momento em que o clima está cada vez mais quente, porque não? Mas sem se esquecer: há mandamentos. Ou melhor, bermudamentos. A campanha apóia o uso de bermudas no trabalho, salvo dias de reunião com clientes e eventos importantes. Também existem certos ‘padrões’ a serem seguidos, como por exemplo, a bermuda floral é proibida, entre outras. Veja:

Ainda de acordo com eles, a roupa usada no trabalho não influencia no rendimento profissional. “Não queremos acabar com o ambiente profissional. Buscamos apenas um dia a dia mais agradável e bem menos quente”, afirmam.

O movimento é uma iniciativa que lida, com bom humor, um problema diário enfrentado por milhares de brasileiros todos os dias. Ora, se mulheres podem usar saias ou vestidos, em ambientes de trabalho, nos dias mais quentes, porque os homens não podem ter o privilégio das bermudas?

Nesta semana, o caso do ilustrador André Amaral Silva, de 41 anos, ficou conhecido pela ousadia e criatividade com que enfrentou o problema. Proibido de entrar de bermuda no prédio onde trabalha, André resolveu ir de saia, pois a vestimenta é permitida para mulheres que trabalham com ele. “Depois de dois anos trabalhando sem ar condicionado em meu prédio e após ter tentado buscar uma solução com os administradores durante todo esse tempo, sem sucesso, resolvi vir trabalhar de saia. (…) E viva o verão e o esclarecimento, por que é que eu nunca fiz isso antes é que não sei”, postou André em sua rede social e, horas depois, a sua foto já havia sido compartilhada por mais de 4mil pessoas.

No cenário em que o movimento se encontra, com mensagens de apoio vindas dos quatro cantos do país, a bermuda se tornou um símbolo desta “luta”. “A luta é pelo bem estar e qualidade de vida do trabalhador, independente da função ou classe social. Do motorista de ônibus ao alto executivo. Do faxineiro ao advogado”, afirmam.

A política de vestimenta dos ambientes de trabalho, no Brasil estão, lentamente, se adaptando à novas realidades. É preciso, antes de qualquer coisa, avaliar o profissional pela sua competência, e não pela aparência.

                A equipe do portal Catraca Livre, que trabalha de bermudas. @Reprodução/Catraca Livre

E na sua empresa, como funciona?

Matéria: Lorena Bezerra

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