A organização Greenpeace denunciou no dia 17 de dezembro que as roupas infantis de dois dos principais fabricantes têxteis chineses, vendidas tanto no país asiático como no mercado internacional, contêm altas doses de hormônios e químicos tóxicos para o sistema reprodutivo.
Segundo relatório divulgado no Leste da Ásia, os produtos são enviados para o interior do país, ao Oriente Médio, África, Europa e América do Norte, além do sudeste do continente asiático.
A organização pede ao governo chinês que proíba a utilização dos produtos e denuncia dois complexos fabris em particular, que produzem cerca de 40% de todas as roupas de crianças fabricadas no gigante asiático.
“Nosso estudo envia um sinal de alerta aos pais de mais de 200 milhões de crianças chineses e estrangeiros”, diz no relatório Lee Chih An, diretora da Campanha de Tóxicos do escritório do Greenpeace no Leste da Ásia.
Para realizar a investigação, o Greenpeace comprou 85 roupas infantis entre junho e outubro deste ano, todas feitas em uma fábrica da cidade de Zhili (na província oriental de Zhejiang) e em outra da cidade de Shishi (Fujian).
Posteriormente, as peças foram enviadas a laboratórios independentes, que revelaram que mais da metade delas continham o hormônio NPE, enquanto nove de cada dez deram positivo em antimônio, e pelo menos dois registraram elevadas doses de ftalatos, todas as substâncias conhecidas por sua toxicidade para o sistema reprodutivo, explica o Greenpeace.
A indústria da roupa infantil chinesa é altamente rentável, com lucros anuais de aproximadamente 1 trilhão de iuanes (US$ 165 bilhões) e um crescimento de 30% ao ano, o que a transforma em um dos setores de maior expansão da segunda economia mundial. “Não há regulação no controle do uso dos componentes nas roupa de crianças”, critica Lee.
Além disso, o estudo denuncia que os legisladores levam anos elaborando minutas a respeito, mas que nunca saem do papel: “Ainda não temos ideia de quando uma lei será promulgada”, acrescenta.
Apesar de a China ter se consolidado como a maior fabricante de têxteis e químicos do mundo, as normas do setor apenas começaram a ser definidas, diz o relatório. “Com um novo bebê nascendo na China a cada dois segundos, o país não pode permitir uma situação que coloque em risco a saúde dos menores”, opina a especialista.
“Só estabelecendo uma política rigorosa de gestão e controle sobre o uso de químicos, a China poderá realmente proteger suas crianças”, afirma Lee.
O relatório fala apenas das duas fábricas citadas e não aponta nenhuma marca de roupa específica da China ou de qualquer outro país do mundo que forneça tecidos supostamente nocivos à saúde.