Um ano novo com menos ameaça dos importados e diante do desafio de fazer diferente e investir na identidade e na originalidade dos produtos. Para o membro do Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria Têxtil, Confecção e Vestuário (Comtextil) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), Marcelo Prado, os empresários do setor de vestuário têm tudo para acreditar que 2014 será melhor do que 2013. Mesmo que ainda falte muito para recuperar os bons resultados de outros tempos.
As perspectivas para o setor daqui por diante e a conjuntura atual foram discutidas, no dia 03 de dezembro, na reunião plenária do Comtextil, na sede da Fiesp, na capital paulista. O debate foi conduzido pelo coordenador do Comitê, Elias Haddad.
“A ameaça dos importados desacelerou por conta do câmbio”, explicou Marcelo Prado. “Em 2014, vamos parar de cair e estagnar, diferentemente do que aconteceu nos últimos anos”, disse.
De acordo com o membro do Comtextil e diretor do IEMI, daqui por diante “quanto mais do mesmo se produzir, menores serão as chances de lucro”. “É preciso pensar em novos modelos de criação, com mais originalidade, brasilidade e identidade”, afirmou. “Não funciona mais viajar para a Europa, fotografar as vitrines e copiar as peças”.
Prado explicou que o setor têxtil cresceu até 2010, desacelerando depois disso. “Nos últimos três anos, a produção cresceu 4% em volume de peças e 7,6% em valores, descontada a inflação”, disse.
Para 2013, a perspectiva para a indústria têxtil é de queda de 2,9% no volume de peças produzidas e aumento de 2,4% em valores nominais.
Segundo Prado, o consumo de vestuário no Brasil deve ter queda de 1,9% em 2013, com alta de 3,6% em faturamento. “A participação dos importados no mix de peças comercializadas é hoje de 12%”.
Varejo que mexe com a indústria
Além da necessidade de fazer a diferença, a indústria precisa estar atenta às mudanças observadas no varejo. “Vivemos uma transformação no varejo que vai mudar a indústria”, disse Prado. “E a indústria têxtil brasileira depende basicamente do mercado interno”.
Entre essas mudanças está a maior força das lojas independentes de roupas, daquelas que ocupam amplos espaços de vendas. Um grupo que respondeu por 37% das vendas de vestuário no Brasil. “É preciso criar novas formas de comercialização, buscar novos canais de distribuição”, orientou.
Outras transformações nas lojas a serem observadas pela indústria são a maior velocidade de inovação, com trocas cada vez mais rápidas de coleções, e a oferta de um mix de peças mais qualificado, com destaque para a moda feminina. “Hoje as lojas oferecem looks completos, com roupas, acessórios, calçados e até perfume”, disse Prado. “Não existe mais o manequim de casaco, echarpe e pés descalços”.
As chamadas coleções assinadas são outra tendência. “É o modelo de loja dentro da loja”, explicou.
Nessa linha, mais do que marca própria, as empresas precisam vender “marca valorizada” e “encantar os clientes”. “Cerca de 75% das compras de roupas são feitas por puro encantamento com a peça no ponto de venda”, afirmou Prado. “Por isso é preciso se diferenciar, ser único e inigualável”.
Agenda positiva
Segundo Elias Haddad, o Comtextil terá uma “agenda positiva” em 2014. “Cumprimos a nossa obrigação em 2013, tivemos uma pauta extensa”, disse o coordenador do Comitê. “E vamos fazer melhor ainda em 2014”.
Assim, conforme Haddad, a meta é oferecer ainda mais ações voltadas para o desenvolvimento para os empresários e “ser um centro de oportunidades”. “Teremos ações nas áreas de marketing, inovação, novas tecnologias, matérias-primas, eficiência, produtividade e bancos de dados comparativos”, explicou. “E trazer mais empresários de sucesso e especialistas de todas as áreas para apresentar seus cases
Fonte: Site FIESP